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quarta-feira, março 31, 2004

Ouço...


Air - Talkie Walkie, o último album. Muito bom.

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segunda-feira, março 29, 2004

Nesta última semana desmultipliquei-me em contactos socio-culturais intensos. De culturais pouco tinham mas parece-me bem mascarar um pouco estas conversas fúteis entre amigos. O que é facto é que já não sabia o que era não fazer nada durante uma semana inteira. Redescobri também o peso orçamental correspondente a essa vadiagem constante. Pergunto-me como os outros, aqueles que encontrei por aí e que não têm, como eu, apenas uma semana esporádica para dedicarem à conversa da treta mas sim as semanas todas, umas a seguir às outras, pergunto-me dizia eu, como essas "personagens" conseguem manter uma vida que, muito bem espremida, terá apenas para contar aos netos um número infindável de bebedeiras regadas por eflúvios femíneos delirantes custeados por um "paitrocínio" detractor. A mim bastou-me uma semana para ficar enjoado...

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quarta-feira, março 24, 2004

Ontem, num jantar entre amigos, veio à conversa a questão da família, filhos, casamento e afins. Por haver diversas faixas etárias à mesma mesa foi muito engraçado encontrar respostas e posições tão díspares. Os mais velhos estão na ânsia de organizar as suas vidas e recuperar um pouco do tempo perdido. Acho compreensível apesar de me fazer impressão este delineamento do futuro a uns anos de distância. Quando adquirir alguma estabilidade e autonomia gostava de ir para o estrangeiro um tempo, mudar de ares. Nada de muito programado, a seu tempo se verá as hipóteses que surgirem. Holanda e Itália eram os meus países de eleição.

Mulher e Filhos!?!?!? Temos tanto tempo!

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LIXO

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam:

- Bom dia...

- Bom dia.

- A senhora é do 610.

- E o senhor do 612.

- É.

- Eu ainda não o conhecia pessoalmente...

- Pois é...

- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...

- O meu quê?

- O seu lixo.

- Ah...

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...

- Na verdade sou só eu.

- Mmmm. Notei também que o senhor usa muita comida em lata.

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...

- Entendo.

- A senhora também...

- Me chame de você.

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra...

- A senhora... Você não tem família?

- Tenho, mas não aqui.

- No Espírito Santo.

- Como é que você sabe?

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

- É. Mamãe escreve todas as semanas.

- Ela é professora?

- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

- Pois é...

- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.

- É.

- Más notícias?

- Meu pai. Morreu.

- Sinto muito.

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.

- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

- Como é que você sabe?

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.

- Você brigou com o namorado, certo?

- Isso você também descobriu no lixo?

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.

- E, chorei bastante. Mas já passou.

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...

- É que eu estou com um pouco de coriza.

- Ah.

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

- Namorada?

- Não.

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

- Você já está analisando o meu lixo!

- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.

- Não! Você viu meus poemas?

- Vi e gostei muito.

- Mas são muito ruins!

- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

- Se eu soubesse que você ia ler...

- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

- Ontem, no seu lixo..

- O quê?

- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

- Eu adoro camarão.

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...

- Jantar juntos?

- É.

- Não quero dar trabalho.

- Trabalho nenhum.

- Vai sujar a sua cozinha.

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

- No seu lixo ou no meu?

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segunda-feira, março 22, 2004

ESCADAS I

Tenho um dos elevadores do meu prédio avariado. Claro está que nas horas de ponta, em cada patamar, estão todos a carregar no botão com a esperança de serem os contemplados com a visita de tão útil transporte. Esquecem-se que as escadas estão logo ao lado e que, assim, evitavam tanta transpiração no ginásio, ao fim do dia. Apesar de viver no último andar tenho optado por esta última alternativa. Ainda para mais quando é a descer não custa absolutamente nada irmos tirando o pó ao corrimão.

Por falar em escadas de prédios há algumas com histórias bem interessantes. Conheço umas que são bem acolhedoras... Em vez de estarem dispostas em ziguezague vertical, vão dando a volta ao bloco dos elevadores conferindo alguma privacidade a quem as utiliza. Pois foi precisamente numas escadas deste género que eu tive as minhas primeiras aventuras sexuais. Calculava tudo ao pormenor. Normalmente entrávamos no elevador e íamos até ao terceiro andar. Saíamos e subíamos um ou dois lances de escadas e ficávamos mesmo atrás dos elevadores. Volta e meia tínhamos que abafar os nosso ruídos para que os vizinhos não se apercebessem da nossa presença a escassos metros de distância enquanto esperavam a chegada do ascensor. Reconheço o risco a que nos expúnhamos mas estes episódios ficarão gravados para sempre na minha memória. Lembro-me de uma vez estarmos num lance abaixo do que era costume e um vizinho resolve subir pelas escadas até ao sótão onde havia umas arrecadações. Se nesse dia não tivesse mudado de planos a coisa tinha-se dado! O mais curioso é que apesar das inúmeras vezes que as escadas nos acolheram nunca ninguém desconfiou de nada. O meu maior medo era que nos vissem a entrar no prédio e constatarem que tínhamos desaparecido, que não tínhamos ido para nenhum andar. Chegou mesmo a haver ocasiões em que saíamos directamente do prédio depois de termos estado nas escadas! A sorte esteve connosco.

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Passagem para outra margem


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domingo, março 21, 2004

Perspectiva-se uma semana de baixa rotação. Recarregam-se energias e tento encontrar tempo para ler "O estrangeiro" de Albert Camus. Assim corre o meu tempo, Abissínia.

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sábado, março 20, 2004

Nestes dias de sol radioso é que sinto saudades da minha bicicleta. Desde a última vez que se avariou nunca mais me dediquei a ela. Foi desterrada para um canto poeirento da garagem e por lá ficará até ser considerada peça de museu. O ciclo dos objectos é muitas vezes este. Passam de adorados nos primeiros tempos a indiferentes e caminham para o desprezo e esquecimento a médio prazo. Aqueles poucos que tiverem sorte serão um dia repescados e desfrutarão a sua reforma numa prateleira de museu.

Infelizmente, neste país não se dá valor ao património. Esbanja-se dinheiro comprando exposições estrangeiras que dêem notoriedade e capas de jornal a directores museológicos e continuamos a negligenciar as nossas relíquias perdidas ainda entre as teias-de-aranha de baús quinhentistas... Era um tema interessante para uma reportagem: o que se faz nos museus portugueses?

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sexta-feira, março 12, 2004

A Vida

É vão o amor. o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo «Pedro Sem»,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!...

Florbela Espanca

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quinta-feira, março 11, 2004

Já só faltam 10 dias para a Primavera.

Não tarda as flores começam a desabrochar, os pólens lançam-se em danças frenéticas pelo ar de encontro a narinas e brônquios frágeis e sensíveis. Atchim...

É tão bonita a Primavera.

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quarta-feira, março 10, 2004

Acabei de levar um valente soco nas trombas. Uma carta tua que me deixou triste para o que resta da semana. Sei que não passas por bons momentos e tenho pena que não desabafes com um dos teus melhores amigos, como ainda me considero. Irrita-me agora o facto de não te poder responder "à letra" e de me certificar das tuas atitudes. Falta-me tempo. Tem-me faltado tempo para tudo, inclusivamente para apoiar os meus verdadeiros amigos, o que me destroi por dentro. Tento telefonar-te e não atendes. Terei de esperar umas semanas para te poder apoiar e acarinhar. Sei que tive em tempos um importante papel e que agora te sentes orfã e te refugias em convicções que também me irritam. Ai se tu tivesses atendido o telefone...!

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sábado, março 06, 2004

Na minha cidade, à conta do Euro 2004, passámos a ter um estádio de última geração... Cobertura total dos lugares sentados, estacionamento para 1500 automóveis, acessos remodelados, etc.. Com lotação para 30 mil espectadores tem assistências da ordem dos 5 mil. Isto já a contar com o facto de o estádio ser novo e, por si só, atrair muita gente nestes primeiros meses. Com o grande risco de o clube descer de divisão para o ano, passando os espetáculos a ser menos sonantes, até que ponto foram bem investidos os milhões de contos que lá foram "enfiados"? Tinha muitas dúvidas que começam agora a ser certezas... No entanto o pediátrico que é necessário e prometido há mais de 10 anos continua a ser adiado indefinidamente. Haja circo!

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Com o jornal debaixo do braço, contorno a esquina do fundo da minha rua. Continuo a descer pela grande avenida que se encontra em obras à procura de uma boa esplanada que me acolha sob o sol morno de inverno. Deixei o telemóvel em casa, trouxe apenas algum dinheiro que dê para pagar o consumo e tento ler na sua totalidade o jornal que trago comigo. A cidade está calma e sabe-me bem caminhar pelas ruas desertas, despovoadas de automóveis e transeuntes barulhentos. É por isso que gosto tanto do sábado: por ser fim-de-semana e por não ser domingo, que segundo a minha mãe é o "dia dos parolos"... discordo um pouco da terminologia mas é muito próximo do que sinto. Que maravilhosa tarde de sol...

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quarta-feira, março 03, 2004

Cercado
Amordaçado
Dizimado
Derrotado

Avancei...
Venci!


...

Acordei

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terça-feira, março 02, 2004

No outro dia comprei um "pack" de DVD’s do 'Allo 'Allo! que me tem deliciado. Esta magnífica série produzida pela BBC encontra-se em décimo terceiro lugar do ranking da melhor sitcom britânica. Apesar de os últimos episódios terem já sido gravados em meados da década de 90, já lá vai quase uma década, o humor continua refinado, delicioso e nada descontextualizado. Uma das minhas personagens preferidas era o Capitão Hans Geering, amigo do corrupto Coronel Von Strohm, interpretada pelo fabuloso Sam Kelly, dono de uma mímica invulgar. Herr Flick e a sua obsessão por encontrar o famoso quadro de Van Clomp (The Fallen Madonna With The Big Boobies) era outra fabulosa personagem, das muitas que complementavam os excelentes textos. Pena que dos 85 episódios apenas tenha 16...

Transcrevo algumas frases célebres:

René: You stupid woman.

[on telephone]
Herr Flick: Flick, the Gestapo... No, I said FLICK, the Gestapo.

Edith: Listen carefully. Michelle said this only once.

René Artois: This is my wife, Edith. I have told her everything.
Michelle Dubois: Will she talk?
René Artois: Incessantly. But not about anything important.

Edith Artois: Tonight I will sing as I have never sung before.
René Artois: What, in tune?

Col. Kurt Von Strom: You are exceeding your authority. The Gestapo has no jurisdiction over senior officers of the German Army.
Capt. Hans Geering: Or junior officers.
René: What about café owners?
Capt. Hans Geering: They can do what they like with them.

Hans: Do you not see? That if you kill him with the pill from the till by making with it the drug in the jug, you need not light the candle with the handle on the gâteau from the château.
René: Simple plans are always the best.

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